Estudo brasileiro encontra mais velho gêmeo do Sol: estrela pode ter "Terras"

28/08/2013 17:53

Uma pesquisa liderada por instituições de pesquisa do Brasil e que utilizou telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), no Chile, identificou o mais velho gêmeo solar já descoberto. A estrela resolveria o chamado "mistério do lítio" no Sol e ainda pode conter planetas rochosos, assim como a Terra. O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira na Universidade de São Paulo (USP).

Os gêmeos solares são estrelas com mesma massa e composição química similar ao Sol. Como estes são os dois fatores mais importantes na evolução de uma estrela, os cientistas podem estudar um gêmeo como se fosse o passado ou o futuro do Sol.
Imagem mostra a gêmea solar HIP 102152, estrela situada a 250 anos-luz de distância da Terra na constelação do Capricórnio. Ela é mais parecida com o Sol do que qualquer outra gêmea solar, tirando o fato de ser quase 4 bilhões de anos mais velha (é a mais velha já identificada), o que nos dá a oportunidade sem precedentes de estudar como o Sol será quando envelhecer. As cores diferentes são pelo fato dela se mover ligeiramente entre as duas exposições, obtidas com um intervalo de muitos anos de diferença.
Foto: ESO, Digitized Sky Survey 2. Acknowledgement: Davide De Martin / Divulgação
 
A pesquisa da USP descobriu estudou dois gêmeos solares, um potencialmente mais jovem (18 Sco) e outro mais velho (HIP 102152). O estudo, que usou os telescópios instalados no Chile, não apenas confirmou a hipótese, mas descobriu que a segunda estrela não só é mais velha que o Sol, mas é o gêmeo mais velho conhecido.
 
Misterio do lítio
 
Uma das dúvidas que os cientistas tentam resolver ao estudar os gêmeos solares é o chamado "mistério do lítio". Acontece que o Sistema Solar tem menos desse elemento químico do que a nebulosa - a nuvem de gás e poeira - da qual nossa vizinhança se formou. Isso indica que o elemento foi consumido pela evolução do Sol, ou pela formação dos planetas. 
Representação da vida de uma estrela parecida ao Sol, desde o seu nascimento, à esquerda, até se tornar uma gigante vermelha, à direita. No começo ela é uma protoestrela, embebida num disco de poeira, e somente mais tarde torna-se uma estrela como o Sol. Depois, começa gradualmente a aquecer, expandindo-se e tornando-se mais vermelha até se transformar numa gigante vermelha. Após esta fase, ela lançará suas camadas exteriores para o espaço que a circunda, formando um objeto conhecido como uma nebulosa planetária, enquanto o núcleo da estrela propriamente dita arrefece dando origem a um resto pequeno e denso chamado anã branca.
Foto: ESO, M. Kornmesser / Divulgação

 

Estudos anteriores indicam que o Sol tem uma quantidade peculiar de certos elementos químicos em relação à maioria de seus gêmeos. A nova pesquisa indica que HIP 102152 tem uma abundância química similar à nossa estrela. Isso indica, afirmam os cientistas, que ela pode abrigar planetas rochosos, assim como o Sistema Solar. 
 
Fonte: Terra